Grupo das escolinhas culturais de Campo Verde é premiado em festival de teatro online

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Alunos das escolinhas culturais do Departamento de Cultura de Campo Verde, que compõem o grupo Metamorfose, venceram um concurso de teatro online. O concurso XIV Faces - Festival de Artes Cênicas de Sorriso - Prêmio Francisco Donizetti de Lima, em nível estadual, foi entregue no último sábado (1º) e o Metamorfose ficou em 2º lugar.

Com o espetáculo 'Nem tudo que cai na rede é peixe', as atrizes Ellana Silva, Manuela Zanchetta, Ana Lívian, Tainá Gonçalves e Mayara Morais - todas entre 15 e 18 anos de idade - conquistaram um prêmio de R$ 3 mil, além de troféu e medalhas.

A secretária Municipal de Cultura, Lazer e Esporte, Izaurides Késia, confirma que os investimentos em cultura serão ainda mais fomentados pela Prefeitura, valorizando a classe artística.

'Graças a Deus, o prefeito Alexandre Lopes vê a importância da cultura como uma política pública voltada ao social. A formação dos nossos jovens e adolescentes tem dado muito certo. Hoje estamos ampliando esse atendimento. Só na dança, além da Dança Gaúcha, agora temos também a Dança Contemporânea, o Balé e a Dança Mato-grossense, que têm uma grande demanda. Temos as aulas de violão e as aulas de teatro. Hoje temos 2 grupos de teatro que se destacam, que são o Gambiarra e o Metamorfose. O Metamorfose foi o premiado nesse evento e tem nos trazido muito orgulho', afirmou.

De acordo com Iza, a cultura reafirmou sua importância e papel social, especialmente durante o período pandêmico.

'A cultura é algo necessário. Neste momento de pandemia, principalmente, a arte tem falado muito, tem entrado nas nossas casas e tem tido papel fundamental na formação dos nossos adolescentes e jovens. Vejo que a cultura abraçando a sociedade é algo que dará muito certo e por isso estamos investindo, ampliando atendimentos, reforçando a nossa organização institucional, organizando conselhos, o Fundo Cultural. Tenho certeza que, com o desenvolvimento das modalidades culturais, com a valorização dos produtores e artistas do nosso município, Campo Verde só tem a ganhar. Nosso ponto de vista é continuar investindo, pois sabemos da importância disso para a sociedade e, como toda política social, deve ser fomentado ainda mais em Campo Verde.'

A peça

A peça traz um cenário bastante atual: a cultura do cancelamento e muitas vezes perseguição na internet. 'Terra de ninguém, o mundo tecnológico tem na atualidade mudado a vida de muitas pessoas, enquanto uns comemoram, um pequeno grupo de funcionários internos de uma rede de computadores, mostram que nem tudo é o que parece. Enquanto o mundo muda, o desrespeito, preconceito, não ficam para trás. Os peixes não são os únicos a caírem nas redes', diz a sinopse.

Sob direção e dramaturgia do produtor Lukas Layon, cenografia de Charles Pierre e sonoplastia de Neuany Gabrielly, a peça foi gravada e enviada para o concurso. De acordo com Lukas, o objetivo é montar o espetáculo completo para ser apresentado no segundo semestre deste ano.

O grupo surgiu em dezembro de 2020, de forma online, reunindo pensamentos de uma nova geração de atores adultos e adolescentes. Foram iniciados os encontros presenciais, com a volta das atividades permitidas pelo decreto municipal, e já projetando participar do festival de Sorriso.

De acordo com Lukas, diretor da escola, a metodologia de ensino adotada nas oficinas é diferente. É colaborativa e traz para o espetáculo experiências reais dos alunos.

'A metodologia que trabalho, chamo de metodologia criativa, que consiste em os atores e atrizes ajudarem na produção do espetáculo. Eu não chego e entrego o texto pronto e simplesmente atuam. Gosto de trabalhar onde eles trazem pesquisas. O que aconteceu: o espetáculo trabalha sobre o cancelamento na internet, os preconceitos no mundo virtual, algo muito forte atualmente. As histórias que acontecem no espetáculo são coisas que aconteceram com elas próprias ou que aconteceu com amigos e elas foram autorizadas a utilizar', conta.

Trabalhar desta forma permitiu, inclusive, que a atuação das meninas fosse a mais próxima possível do real, pois elas passaram por situações como bullying, assédio virtual, cyberbullying e outros.

'Todas essas histórias - como a de uma menina que sofre preconceito na primeira vez que menstrua - aconteceu na vida dessas meninas. Esse é o método. Elas ajudam na dramaturgia, criando o espetáculo, trazendo suas próprias experiências. Eu também proponho ideias, que elas podem aceitar ou não. Também podemos encontrar outras saídas. É um método colaborativo', explica o produtor.

Outro ponto adotado no ensino é a dança contemporânea, o movimento. 'O grupo tem suas criações a partir de movimentos contemporâneos. Gosto muito da ideologia da dança contemporânea, que é onde trabalho com elas. Inclusive na criação, no aquecimento. Por mais que não seja formado em dança contemporânea, criei essa metodologia, porque ela conecta. O movimento, a criação de personagens surgem a partir disso, então sai algo mais natural delas'.

Lukas Layon é ator, dramaturgo e diretor de teatro. Está em Campo Verde desde o final de 2020, onde trabalha em parceria com o Departamento de Cultura.

'Atualmente, estou me formando na MT Escola de Teatro, a primeira escola de teatro com nível superior de Mato Grosso, e terei meu registro de ator profissional. Trabalhei com teatro em Colniza. Em 2019, fui para Cuiabá fazer o nível superior, e no final de 2019 participei do seletivo aqui da Prefeitura de Campo Verde e recebi o convite para vir e coordenar a Escola de Teatro. Este é o primeiro trabalho, que conseguimos executar de forma muito rápida e surpreendente, conquistando essa premiação'.

O valor conquistado com o prêmio, de R$ 3 mil, será utilizado para a estruturação do grupo. Compra de camisetas, compra de objetos cenográficos que ainda faltam para o espetáculo e projetando os eventos do segundo semestre, além da construção de um novo espetáculo.